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Discussão quente sobre Código Florestal em Ribeirão Pretp

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Mensagem  Mick Qui 04 Fev 2010, 11:54

Tarde quente em Ribeirão Preto, interior de São Paulo, em muitos sentidos. O termômetro oficial marcava 34ºC. Dentro de um centro de convenções, a temperatura estava ainda mais alta. Duas mil pessoas lotaram uma sala para participar de uma audiência pública sobre o Código Florestal, a segunda de 2010 (a primeira aconteceu de manhã, em Assis).

A audiência foi convocada pela Comissão Especial do Código Florestal da Câmara dos Deputados. Oficialmente, ela existe para avaliar os vários projetos de lei que propõem mudanças no código. Na real, ela foi feita por e para ruralistas atacarem - novamente - a legislação ambiental brasileira.

A audiência em Ribeirão é um exemplo das intenções reais da comissão. Notórios ruralistas a compõem: deputados Moacir Micheletto, Valdir Colatto, Paulo Piau, Duarte Nogueira sentam-se ao lado do relator, deputado Aldo Rebelo. A organização ficou a cargo da Abag (Associação Brasileira do Agribusiness). As paredes estão coalhadas por uma série de banners do agronegócio. A bordo de ônibus vieram grupos grandes tanto de ruralistas quanto de integrantes de movimentos sociais.

Os discursos feitos formaram um festival de mentiras. Que o Código Ambiental de SC resolveu todos os problemas, disse Colatto (não apenas não resolveu como sofreu uma ação direta de inconstitucionalidade, em análise no STJ). Que a discussão do Código Florestal não pode ficar nas mãos de organizações que recebem dinheiro de outros países, disse Rebelo (mas esqueceu de falar dos colegas, inclusive Micheletto, do seu lado, que recebem doações de multinacionais), que seria necessário reduzir áreas de cultivo para recuperar reserva legal (quando, na verdade, o código já prevê que pode ser feita uma compensação), que o Código Florestal é resultado da pressão de ONGs (o autor, na verdade, é a Embrapa, órgão ligado ao Ministério da Agricultura, em 1965), que organizações internacionais querem impedir novos desmatamentos para impedir o aumento da produção (quando toda a área já desmatada é suficiente para cumprir esse objetivo). E por aí vai.

Cada discurso feito, de acordo com seu teor, recebeu aplausos e vaias dos grupos. Mas ninguém incitou mais amores e ódios que Aldo Rebelo. Aplaudido de pé pelos ruralistas mais de uma vez, e vaiado pelos movimentos sociais, mais de uma vez, o relator demonstrou ter uma fértil imaginação sobre a economia brasileira. Segundo o deputado, ela está dominada pelos interesses gringos e o Código Florestal seria o instrumento master para a consolidação das garras imperialistas estrangeiras.

O mal do campo no Brasil, disse Rebelo, vem daí. Nada foi dito da falta de investimento nos trabalhadores do campo. Ele também não se importa com o latifundiário que invade terra quilombola na Amazônia e mantém trabalhadores escravos em sua propridade. Parecia ter sofrido de uma amnésia pois esqueceu que 4,6 milhões dos trabalhadores do campo são analfabetos. Porque a culpa das mazelas rurais, delirou o deputado, é dos concorrentes externos.

Depois de três horas de audiência pública, ela foi bruscamente interrompida pelo deputado Micheletto.

fonte: http://www.greenblog.org.br/?p=4885
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