Sustentabilidade Empresarial

Segue uma dica de site para ficar ligado nos acontecimentos..
http://www.bancoreal.com.br/sustentabilidade/

Um excelente vídeo que mostra a visão empresarial sobre Sustentabilidade, vale a pena para ver uma outra visão:
http://webcast4.isat.com.br/fnq/?Palestra_ID=1536

Abraços.

Keep in touch.

Então,

Antes de mais nada, o assunto sustentabilidade é extremamente complicado. A discussão teórica o é imensamente, mas mesmo assim não chega aos pés da complicação que é a aplicação prática da idéia de sustentabilidade. Isso fica claro mesmo no post anterior sobre a extração de castanha do Brasil, que é uma atividade consagrada como sustentável, tanto econômica, quanto social e biologicamente.

Dentro desse contexto, qualquer iniciativa de praticar a sustentabilidade merece os méritos por essa atitude. Dentro do ramo empresarial, talvez nas instituições bancárias isso seja mais fácil.

Gostaria de ver a Vale apresentando sua idéia de sustentabilidade. Os impactos ambientais diretos dos bancos são muito menores. Porém, devemos lembrar que a sustentabilidade possui a esfera social e econômica. (mesmo que ultimamente eu venha tendendo a crer mais fortemente que a esfera econômica deva ser desprezada na busca da verdadeira sustentabilidade)

Sou um tanto quanto cético no que tange ao assunto sustentabilidade empresarial. Para esclarecer a essência do meu argumento explorarei a idéia presente na própria expressão. Sustentabilidade e empresas não combinam. Não podem aparecer juntas. Simplesmente porque uma possui uma lógica totalmente oposta a outra. Empresas visam maximizar os lucros, a sustentabilidade não pensa em lucros. As empresas respondem aos seus acionistas, a sustentabilidade responde a sociedade. Mesmo que no vídeo se fale que o banco procurava, com o projeto de sustentabilidade, um novo banco para uma nova sociedade, se pararmos para pensar como isso começou podemos ver claramente a questão anterior. A idéia de banco sustentável partiu do presidente do banco, que se reuniu com alguns diretores e pensou no projeto. O banco sustentável não foi idéia dos seus correntistas, das pessoas que devem ao banco, da sociedade em geral.

A idéia de um banco sustentável é então destruída pela própria idéia de banco.

Mesmo que no banco se fale em construção coletiva, em pensamento sistêmico. O projeto é de um banco sustentável, não de uma sociedade sustentável. Qualquer projeto de sustentabilidade, que se diga com uma visão sistêmica deve procurar a sustentabilidade social, não institucional.

Ou seja, o pensamento sistêmico, citado várias vezes no vídeo com tanta pompa, na verdade não passa de um pensamento raso. Já que não sai da lógica dominante na sociedade atual.

Continuando.

O próprio conceito de sustentabilidade usado no vídeo é completamente falho. No vídeo se fala que não se aprofundarão na parte teórica da sustentabilidade. Isso por si é um erro, não se pode falar em sustentabilidade sem uma profunda discussão teórica. Quando se apresenta o conceito de sustentabilidade na verdade se apresenta um conceito de desenvolvimento sustentável, um conceito que esta caindo cada vez mais em desuso. Os grandes pesquisadores em sustentabilidade e educação ambiental, e mesmo eu, já não usam o conceito de desenvolvimento sustentável para falar de sustentabilidade.

Mas não podemos de levantar os pontos positivos, o projeto de sustentabilidade do banco tenta ser o mais abrangente possível. Fala-se na reestruturação completa do banco, em todas as suas esferas, de fornecedores a clientes.

Fala-se em mudança de cultura... de consciência... de mudança de paradigma. Isso é uma ideia poderosa, a ideia que esta na essência da sustentabilidade. Precisamos de um novo paradigma, uma nova cultura.

Mas a questão é se uma nova cultura precisará de um banco, mesmo de um sustentável???

Além disso, a própria Maria Luiza Pinto, fala que muitas empresas aderem a idéia de sustentabilidade visando reduzir os custos e os riscos, aumentando seu benefício, e não pela atual situação do planeta e da sociedade. A sustentabilidade empresarial está ligada demais a redução de risco.


Outra coisa que demonstra claramente como a sustentabilidade está sendo apenas usada em prol dos interesses do banco está no fato de que ela foi colocada no vídeo como o maior vetor de inovação para as empresas, permitindo que a empresa entenda melhor o mercado. Algo como uma egosustentabilidade, servindo apenas aos interesses do banco.


Espero que tenha deixado claro p q não acredito em sustentabilidade empresarial como ela esta sendo aplicada.

Vou ficando por aqui.

Peço desculpas pelo texto grande.

Beijos e abraços.

A propósito.

O site do banco real está fora do ar.

Só aparece um site de uma loja de tintas.

Excelentes colocações Mick. Vamos começar a utilizar bastante esse forúm que é uma boa ferramenta.

Vou escrever então como é minha visão sobre esse tema:

O sistema de governo no Brasil como todos sabem é o capitalismo. Nosso sistema bancário, de crédito, finanças, já está bem desenvolvido, não há como mudar isso, não acredito ser o caminho certo não pensar no desenvolvimento do sistema do capital de giro.
Sobre a questão de necessitar ou não de um banco, vejo que o sistema continuará do mesmo jeito. Não há formas de mudar para uma outra forma monetária.
Se vocês virem o perfil de profissionais nas grandes corporações são excelentes líderes, executivos, planejadores, estrategistas, porém falta o conhecimento teórico na área. É um assunto muito recente. As organizações tão passando por um processo de mudanças a cada dia que passa, o hoje já é diferente do amanha e assim por diante. A dita "Sustentabilidade" tem que estar ligada ao negócio das empresas, senão não é viável.

Agora eu me pergunto: Se não for dessa forma, de que forma será? Será que é realmente inteligente querer distância dessa área? Ou não será melhor formarmos biólogos nas grandes empresas para ajudar a mudar o jeito que é levado, levando seu conhecimento teórico-prático?

É diferente a Sustentabilidade teórica que nos é ensinada no curso e a Sustentabilidade Empresarial. Tem muito trabalho pela frente ainda. Falta profissionais com mais sensibilidade às questões ambientais e mais capacitados também (como o biólogo por exemplo) ocupando grandes cargos em grandes corporações. Biólogos com capacidade de planejamento, estratégia, com a capacidade de lidar com pessoas de diferentes formações (Engenheiros, Administradores, Economistas) para ocupar esses cargos e fazer sua parte para mudar esse paradigma.

Não vejo problemas do banco trazer a marca "Desenvolvimento Sustentável" pro seu Core Business (foco de atuação), para diminuir o risco do negócio e gerar atratividade. Temos que porém pensar não em um Banco como algo sólido, mas lembrar que essa empresa é formada por pessoas, estas com diferentes pensamentos, visões e amores. As vezes cometemos um erro muito grande tentando generalizar dessa forma. Tem muitos colaboradores no Banco ou em outros lugares que tem muito interesse de viver em um ambiente melhor, mais humano, mais puro.

Resumindo, acho importante desenvolvermos biólogos para entrar nas empresas e levar uma visão mais biológica. Você deu excelentes sugestões Mick, como por exemplo incentivar o estudo teórico da Sustentabilidade, por que não levamos isso ao Banco e mudamos isso?

Vamos lá! Tá rolando um debate bacana!

Abraços

Só pra dar um pitaco na questão da esfera econômica que o mick falou. Eu tbm tinha essa idéia de que o econômico sempre tenderia à algo não sustentável. Mas isso ocorre se a gente só pensar na esfera monetária da economia. Citando o segundo parágrafo do Odum ''A palavra ''economia'' também deriva da raiz grega oikos. Já que nomia significa ''manejo, gerenciamento'', a economia traduz-se como ''o manejo da casa''; consequentemente, a ecologia e a economia deveriam ser disciplinas companheiras''. O problema está no fato de a economia ter se fechado muito e se distanciado das outras ciências. Citando um trecho do primeiro capítulo do A Cabeça Bem Feita do E. Morin '' [...] a ciência econômica é a ciência humana mais sofisticada e a mais formalizada. Contudo, os economistas são incapazes de estar de acordo sobre suas predições, geralmente errôneas. Por quê? Porque a ciência econômica está isolada das outras dimensões humanas e sociais que lhe são inseparáveis.[...] A política econômica é a mais incapaz de perceber o que não é quantificável, ou seja, as paixões e as necessidades humanas.'' Então acho que o que tem acontecido com a economia é fruto dessa fragmentação das áreas do saber. E tbm pq antes, podia se pensar somente no lucro, já que os impactos causados ao meio ambiente não eram notados (por diversos motivos), e o consumo e as indústrias podiam sempre estar crescendo sem ninguem protestar contra. Mas agora isso não é mais concebível e alguns teóricos já estudam o papel e a reformulação da economia nesse gerenciamento tão necessário. Um deles se chama René Passet, estou lendo um texto dele para Ecologia Política. Temos que lembrar que não existe somente a economia monetária, lembre que há tbm a Economia da Natureza, não é mesmo?
Abraços

Um vídeo interessante também é
https://www.youtube.com/watch?v=iP9QF_lBOyA

Um CEO de uma empresa americana fala sobre a visão dele sobre o assunto..

Pras pessoas que entendem bem inglês, aliás esse TEDTalks tem muitos videos bons!
Abraços

https://www.youtube.com/watch?v=BOondIbrBCw

outro da mesma pessoa, agora legendado

Legal o pensamento de Ray Anderson. Para um empresario ele está bem adiantado. Começa mt bem ao admitir que não há empresa sustentável.

Porém, mais uma vez eu toco no ambito da questão teórica sobre o assunto. A que sustentabilidade ele se refere??

Num tempo onde o termo esta banalizado, não basta citar a sustent., é preciso definí-la.

Me parece que a sustentabilidade defendida por Ray esta baseada demais da redução de impactos.

Ser sustentável é zerar sua pegada ecológica, seus impactos.

Mas uma sustentabilidade real deve ir além disso.

Então,

No vídeo do TED dá pra entender um pouco melhor as idéias de Ray.

Acredito que ele avance em alguns pontos e regrida em outros.

Ele continua com a questão dos impactos ambientais mt forte, essa me parece ser a maior barreira a ser rompida.

Além disso coloca a tecnologia de uma Segunda Revolução Industrial como a solução para nossos problemas. Esse é outro grande problema. A creça na tecnologia, e por consequência na ciência é marca registrada na sociedade do século XXI. Isso é claro, não precisamos nos alongar nesse ponto. Mas não dá para apostar todas as fichas que a tecnologia irá salvar o mundo da crise atual. Mesmo no final diminundo o "a" da equação e incluindo um coeficiente de felicidade (o que para mim salvou um pouco a apresentação), ainda vejo um enfoque muito grande na tecnologia.

Isso não ataca a raiz do problema.

Em uma visão mais sistêmica, vemos que somente a tecnologia não será suficiente. Precisamos de um novo paradigma social.

Além disso, o ele faz referência a um livro, A ecologia do comércio, de Paul Hawken. Esse autor também escreveu o livro Capitalismo Natural, o qual inclusive tem como título do primeiro capítulo A Próxima Revolução Industrial. Esse autor parece ter a idéia de que só as industrias/empresas teriam o poder de tirar a humanidade dessa crise.

E eu discordo profundamente dessa afirmação, além disso, acho-a ainda extremamente perigosa. Acredito que a responsabilidade por uma nova sociedade seja de todos nós, o que inclui as empresas. Mas o papel principal na mudança deve vir da sociedade como um todo e não tendo as empresas com seus interesses a frente do processo.

Continuemos a discussão.